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Antimatéria encontrada em nuvem de tempestade

Talvez você tenha ouvido lá no segundo grau a explicação para os raios: eles se formam pela diferença no potencial elétrico entre o solo e as nuvens. É uma explicação melhor do que “Zeus está bravo com você”, mas é bastante simplista.
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O fato é que, séculos de anos depois de Benjamin Franklin ter soltado sua pipa, provando que eles produzem uma descarga elétrica, ainda não sabemos dizer exatamente como, por que e quando eles vão se formar.
E a explicação acaba de ficar ainda mais complicada. Em 2009, Joseph Dwyer, da Universidade de New Hampshire, e diversos colegas, voavam num jatinho comercial Gulfstream V adaptado para pesquisas meteorológicas. Por acidente, acabaram indo parar no meio de uma forte tempestade. O avião subitamente perdeu altitude e foi jogado de um lado para outro, até conseguir escapar. “Eu realmente achei que iria morrer”, disse Dwyer à Nature.
Mas esse breve momento de terror foi recompensado por uma incrível descoberta científica, que levou a anos de estudo, cujos resultados só estão sendo divulgados agora. Dentro da nuvem, Dwyer e seus colegas passaram duas vezes por áreas cheias de pósitrons – a versão antimatéria do elétron. Depois disso, detectaram uma emissão de raios gama.
Toda a partícula de matéria tem sua correspondente em antimatéria. É basicamente a mesma coisa, com a mesma massa, mas sinal elétrico invertido – o próton é positivo, o antipróton é negativo, e vice-versa com o elétron e o antielétron. Quando essas partículas encontram suas opostas, são aniquiladas, gerando fótons e neutrinos, numa explosão de raios gama.
A ordem dos fatores é que o torna a descoberta relevante. Já era sabido que as tempestades podem causar emissões de raios gama, e essas emissões podem gerar pares de elétrons e pósitrons quando interagem com o ar. Mas o que aconteceu deixou os próprios cientistas perplexos: “Deveríamos ter visto emissões luminosas de raios gamas junto com os pósitrons”,afirmou Dwyer ao Phys.org. “Mas, em nossas observações, primeiro vimos uma nuvem de pósitrons, depois outra sete quilômetros adiante, e só então vimos o brilho dos raios gamas. Então isso tudo não está fazendo muito sentido.”
A banca está aberta para explicações. Os cientistas da equipe de Dwyer estão meio que jogando a toalha: após cinco anos de pesquisa, não chegaram a uma resposta satisfatória. “O fenômeno dos pósitrons pode estar nos dizendo uma novidade sobre como as tempestades se carregam e criam relâmpagos, mas nossa descoberta definitivamente complica as coisas, porque não se encaixa na ideia que estava se formando”, afirma Dwyer.
Entre as teorias, está a de que a antimatéria foi produzida por raios cósmicos, que o próprio avião tenha ficado sobrecarregado de energia e causado a emissão de pósitrons ou – a favorita dos cientistas – que eles tenham visto o começo de um “relâmpago escuro”, uma emissão que produz quase nenhuma luz, mas muita radiação gama e pósitrons.
Dwyer diz que pretende continuar sua pesquisa, mas usando balões meteorológicos. Uma vez basta em arriscar a sorte com a ira de Zeus.
“Se os mortais me representarem com a voz de Morgan Freeman, eu posso até dar uma dica”.


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